quarta-feira, 20 de junho de 2007

16 de junho de 2007


Passou-se mais um ano.


Já são trinta e nove.


É quase fim do primeiro tempo.


O alento é a fome,


É a vida que come os dias, as horas, os minutos


Desde os primeiros segundos,


Naquele décimo-sexto dia de junho,


Pouco depois das treze horas


- Nunca gostei de acordar cedo .



E nunca é mesmo tarde para acordar para a vida.


Sei, é clichê.


Não podia deixar de ser.


Mas não são também a felicidade, o amor,


a dor e toda a sorte de sentimentos?


Quem da vida destes não ganha


Passa para a morte sem diferença mínima,


Como se muda de calçada:


Não muda nada,


Apenas o lado da terra pelo qual se caminha.


Não sei quanto a vocês,


Eu quero minha vida repleta de clichês.





quinta-feira, 7 de junho de 2007

Feliz cidade para todos. (07062007DF)

Já ouvi dizerem por aí que a felicidade completa é uma balela, um engodo: “- É como uma droga que te vendem, prometendo uma ‘onda’ eterna, mas que só dura um ‘tantico’ assim” - disse Clotilde. Pode até ser, mas sou um daqueles descontentes em viver parcialmente feliz. E continuo tentando (pelo menos é mais saudável do que as drogas). Não posso ficar exultante ao ver minha cidade maravilhosa sitiada pela violência, ou em estar longe daqueles que amo tanto. Quase discuti ontem, quando um Brasiliense falou mal do Rio. Falar mal do Rio é como falar mal do filho da gente. Só a gente pode. Mas, confesso, tinha uma idéia totalmente diferente daqui. Aqui, não tem praia, não tem o calor do nosso povo nas ruas (como isso faz falta!), não tem o Pão de Açúcar (vá lá, só o supermercado...), não tem o Cristo Redentor (maravilha que está quase pondo as mãos para o alto) e tudo é muito mais caro. Mas tem paz, artigo de luxo no nosso balneário. A polícia é bem remunerada, as viaturas são novas e as ocorrências, digamos, menos ocorrentes. As vias parecem um enorme Aterro do Flamengo, com a linda vegetação do cerrado. A falta de morros deixa a visão ir longe e 50 km viram “logo ali”.Estou perto do “crime capital”, mas as ruas são relativamente seguras. Acho que a maior parte dos bandidos fica confinada em outro lugar...


Mudança (07062007DF)

Foram o forno, o fogão,

Os badulaques passando de mão em mão,

A geladeira, a televisão, a máquina de lavar, alguns móveis,

outros, imóveis, ficaram:

Deixei-os para meus irmãos.

Mudas de roupa, apenas as da estação e as afetivas.

- Como aquela camiseta de algodão toda cerzida,

por vezes ameaçada de virar pano de chão. -

Fechou-se a porta e o caminhão seguiu

Como se nada tivesse deixado para trás.

Eu, no avião, sentia a falta de algo.

Pensei, refiz meus passos,

Reli a lista em voz alta,

Adiei o cansaço e a leitura

Para vasculhar a mochila...

Nada!

Olhei minhas mãos vazias,

Trancei-as e torci os dedos

Até cada falange estalar.

Por fim, pousei-as sobre o peito

E notei que faltava um batucar.