terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Caridade


Ajudemos os necessitados de felicidade a superarem seus traumas!

Vamos levar-lhes migalhas de alegria,

Envoltas em jornal com notícias boas!

Cairá sobre seus rostos uma calma garoa,

Lavará dos olhos o choro e, do chão, o leite derramado.

Estendamos as mãos

E lhes roubemos das almas os calos das tristes lembranças.

 

Doemos felicidade

A quem, de dor, doer-se.

Façamos viver de verdade

Quem cotidianamente morre

Pelas mãos impiedosas da saudade.

 

Prefiramos cada instante dos dias nublados, ao vivo,

Ao sol da foto na estante,

À carta e seus motivos esmaecidos,

Aos momentos por si só mortos

Quando foram, mesmo uma só vez, vividos.

 

 Pergunta-me então se há tanto assim,

Ao ponto de poder doar-se.

Se há em ti tanto de felicidade,

Ou pelo menos o tanto

Quanto existem dois rins.

 

Mesmo a resposta, no caso de outrem,

Não caber a mim,

Intrometo-me de bom grado.

Exista felicidade,

Mesmo na ponta da unha do menor dedo do pé,

Suficiente já é para a caridade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Água e azeite.

Poema de Alexandre Damasceno, falado pelo próprio.



domingo, 16 de novembro de 2008

Sonho ou Pesadelo?

Minha médica estava a me perguntar sobre sonhos, por conta de um questionário de avaliação para o início das sessões de acupuntura (mais uma medida para tentar conter uma insistente dor no pulso esquerdo). Eu dei a mesma resposta de sempre e tive a mesmíssima reação de surpresa da contraparte. Nunca havia pensado em escrever a respeito, pois é, pelo menos para mim, de uma lógica tão básica... Em todo o caso, passei a achar interessante a surpresa na reação das pessoas à minha resposta, quando o assunto passa para o campo dos pesadelos. Não tenho muitos sonhos ruins. Gostaria de tê-los mais freqüentemente. Há! Imagino a expressão do seu rosto lendo isso... Calma! Você não entendeu errado. Gosto dos pesadelos! Admito: Os sonhos bons são legais. Mas não dá uma certa frustração quando você larga aquele seu iate nas Ilhas Maldivas, seu vôo solo sem aeronave, seu mergulho profundo sem necessidade de equipamento, enfim, todas as coisas que te dão imenso prazer em um sonho para voltar ao seu quarto, em uma manhã de segunda-feira ao som do rádio-relógio? Não? Então tá. Eu fico bem puto da vida. Com os pesadelos ocorre exatamente o contrário: Estou eu lá, sendo decapitado, atacado por abelhas, feito em pedaços em um ataque terrorista ou coisa bem pior quando, no background do sonho, o barulhinho do rádio-relógio me resgata para meu confortabilíssimo, quase nababesco quarto, em uma maravilhosa manhã de segunda-feira. Pulo da cama e, exultante, preparo-me para mais um sensacional dia de trabalho enquanto admiro pela janela a beleza dos tons cinzentos no céu. Percebestes a diferença? 



quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Não é propaganda de urologista...

Aviso aos navegantes: Estou publicando histórias em outro blog. O endereço é:

www.texticulosdejo.blogspot.com.

  Passem por lá também. Continuarei publicando no Blog da Babá Quitéria as poesias e impressões das cores do cotidiano. Podem vir, puxem uma cadeira e divirtam-se. 


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Crises, Cruzes e Credos.

Os países com maior representatividade no cenário econômico mundial deveriam coordenar esforços para criar um fundo de socorro para momentos como o da atual crise. O dispositivo deveria chamar-se, apropriadamente, 


FUndo De Emergência Unificado.




quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quando ficar parado é fazer parte do movimento...

Analfabetismo Funcional : Quando o governo tem preguiça de ensinar.


Vi, no Jornal Hoje, uma reportagem (em um quadro chamado “Era uma vez...”) sobre o analfabetismo funcional. O que vem a ser isso? Bem, é o nome bonitinho, cheio de tecnicidades, dado para milhões de ocorrências de crianças analfabetas freqüentando a escola. No meu tempo (não tô nem aí se pareço um velho...), éramos analfabetos só quando entrávamos na escola. Depois, naturalmente, aprendíamos a ler e a escrever, e seguíamos em frente. Fazíamos as provas e trabalhos em busca de aprovação para o próximo ano. Quando acontecia de não conseguirmos, fazíamos tudo de novo. Não chego ao ponto de dizer que a escola preparava para a vida, pois a vida nem sempre dá chance de "repetirmos de ano", mas que ajudava, ajudava.  Lidávamos com a responsabilidade, com a superação, com o sucesso e o fracasso. Diferente de meu amigo João, que exibe orgulhosamente seu impecável boletim (impecável mesmo. E exibe até hoje, com justificado orgulho), eu tive algumas páginas não tão brilhantes no meu histórico escolar pós primeiro grau. Confesso: Tenho dificuldades com ciências exatas. Costumo dizer que adoro matemática (e é a mais pura verdade!), mas ela não gosta lá muito da minha pessoa. Sempre fui um “ser” de comunicação. Mas sempre fui, também, um “ser” teimoso, impulsionado pelos desafios. Na hora de fazer faculdade, eu acreditava ser muito cômodo cursar jornalismo ou publicidade (trabalhava como redator publicitário na ocasião). Tinha muito contato com o conteúdo do curso e este não me desafiava em nada. Fui fazer o quê, então? Na época, engenharia de sistemas (depois virou informática e, por último, ciência da computação) e todos os seus cálculos e físicas. Sufoco total. Onde quero chegar? O governo, em seu mais absurdo desgoverno, acredita ser traumático demais para uma criança ficar reprovada na escola. Para nossos “caciques” a solução “alternativa” é a aprovação automática. Para mim, não há essa tal “alternativa”, a solução é uma só: Estudar, porra! Conheço muita gente arrependida por ter largado os estudos, porém nunca vi ninguém traumatizado por ter ficado reprovado na escola. Hoje cheguei ao absurdo de ver , na matéria do telejornal, um menino de dez anos traumatizado por ter sido aprovado sem saber ler. Atualmente, ele cursa(?) a quarta série do ensino fundamental (fundamental para quê, mesmo?). Esse menino é um dos milhões de “produtos” da idéia do governo, onde o “traumático repeteco” pode ser explicado pelas contas e não pela “cuidadosa” psicologia: O motivo real é o custo de repetência, quanto é o gasto do poder público por criança em uma escola municipal. Esperem aí: Quanto é gasto? Desde quando preparar um cidadão é gasto? E eu ainda me admiro quando vejo qualquer aluno, de qualquer país na nossa "subdesenvolvida" América Latina dar de dez a zero nos nossos, por exceção, “emergentes” compatriotas. Tornamo-nos um país onde a ignorância é subsidiada pela falta de respeito com a educação. Podemos gastar fábulas com viagens, cartões corporativos, compras superfaturadas, salários astronômicos... Mas vamos economizar no ensino. Qual é o futuro de um país assim? O interesse político na ignorância para a manutenção do status quo não parece teoria da conspiração, é a conspiração na prática! Estão roubando o futuro das nossas crianças! Afanando-lhes a oportunidade de serem pessoas capazes de encarar a vida,  superar obstáculos, de vencerem, perderem, empatarem. E estarem sempre prontas para entrar em campo e jogar novamente. O resultado é W.O. na certa.

 

Poesia? Não, ninguém nunca fez.


Fazer poesia é um exercício de petulância. Ninguém “faz” poesia. No máximo, ela se permite um encontro conosco. Escorre por entre as folhas das árvores, desce pelos raios do sol, goteja com a chuva, urra com barulho do mar... Acontece! Isso mesmo, com tudo de bom e de ruim também. Há poesia em todo canto, desde sempre. No final das contas, mesmo que não saibamos ou não queiramos, é ela quem acaba nos fazendo, por amor, por descuido ou só de sacanagem mesmo. Não acha? Ué... E por acaso dois corpos entrelaçados não dão versos arretados?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mesa Redonda (Lembranças felizes das peladas na rua Batovi, Alecrim e Jaborandi)


Os meninos deitados na calçada
Sob a sombra da amendoeira
Comentavam a batalha travada
Na disputa pela bola de meia
As proezas de fulano,
Malabarista de guia,
Ou meio-fio, como queira.
Os dribles de beltrano,
Os passes perfeitos de esguelha.

Sangue e areia nos pés descalços...
Observo, lá no alto, a lagarta na folha
Perto da amêndoa madura.
Soubesse falar lagartês
Em tom cortês pediria
E ela gentilmente jogaria
Em meu colo a suculenta fruta.

Vôo solo divagando
Enquanto vai a tarde,
Mansa e resoluta,
Repousar no horizonte.
Precipitam-se sombras
E folhas em minha fronte,
Pousada sobre a raiz nascente,
Desenho em sutil movimento
Entre os escombros do pavimento.

Nós, crianças felizes, despidas de futuro!
Nosso imaginário canal 100...
Não existia Pelé, ou Garrincha,
Nem Zico, nem mais ninguém:
Éramos nós os craques de ontem,
De hoje, de amanhã
E a rua era nosso Maracanã.

Não havia o destino,
Saudade, mais nada.
Esse era nosso jogo:
Nas belas jogadas,
Passes no fogo,
Maravilhosas caneladas,
Jogadas combinadas, tabelas, macetes,
Só existiam os melhores momentos.
Nada das divididas da vida,
Este campo, numas vezes tapete,
Noutras duro como cimento.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Justificando...


Hoje acordei cedo (tá legal, nem tão cedo assim). Sob o sol de domingo, dirigi-me a uma escola perto da minha casa. Bem perto mesmo, cerca de duzentos metros. A fila não estava  grande mas  andava pouco por causa da pista seletiva de idosos, gestantes, pessoas com necessidades especiais e carregadores de criancinhas (vi a mesma criança com, pelo menos, quatro pessoas diferentes). Nada contra os idosos, as gestantes e os portadores de necessidades especiais... Só acho que o pessoal  zona eleitoral devia organizar melhor a distribuição, pois a sessão onde eu estava era a primeira e acabava todo mundo indo para lá. Fazer o quê? Acho que, se fosse para organizar, não se chamaria “zona”.  De qualquer forma, toda a vez que voto ou preencho um formulário de justificativa eleitoral, sinto-me enganado. Justificar o quê, afinal? Que p. de democracia é essa? Não posso exercer o meu direito de não confiar em nenhum candidato e simplesmente não votar(e obviamente não precisar justificar coisa alguma)? Sou obrigado a comparecer a uma “organização” eleitoral  e votar, nulo que seja, ou justificar, quando os candidatos é que deveriam justificar a minha falta de opção.  Talvez eu esteja errado e ser democrata seja isso mesmo, bradar pelos direitos e descer a porrada em quem faz algo diferente da sua visão de direito. Um processo "democrático" que começa com uma propaganda eleitoral obrigatória só pode dar nisso...



domingo, 28 de setembro de 2008

Estupidez


Somos tão burros, às vezes...

- Sem ofensa aos animais -

E a burrice me irrita tanto ou mais

Que a corrupção ou a deslealdade.

Talvez seja a estupidez a mãe de todas as iniqüidades.

Não confundamos com a falta de cultura,

Epidêmica em nosso convívio

E da qual eu também sou criatura.

Falo do obtuso pensar, assassino do amor,

Do respeito e do futuro do nosso presente,

Cada vez menos verbal,

A cada minuto mais venal,

Na troca da atenção à detenção pelas pequenas coisas.

Ou, pior, por coisas inexistentes.

Recusar-se a seguir em frente, duvidar dos princípios,

Complicar os relacionamentos em prol de uma vã psicologia...

Pagã filosofia.

Jogamos fora a água para chorarmos de sede ante a garrafa vazia.



sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O pior cego...


Somos todos juízes sem toga e discernimento

Para julgarmos sequer os acontecimentos

Por causa ou omissão da criatura

Que habita no perímetro da nossa cintura.


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Au(top-top)sia.




















Por favor, não ponham a fazer contorcionismos
As minhas tão objetivas palavras:
Dos médicos, quando raramente necessitar
-Assim espero. –
Apenas quero o de melhor habilidade.
Por assim dizer, entendam:
De pouco importa para mim se é bom pai,
Amante da verdade,
Dedicado marido, extraordinário amigo,
Ou mesmo justo e cordato.
Não obstante ser seu caráter forte ou imundo,
Só me interessa saber se é competente
Em fechar a porta da morte
Para cada paciente moribundo.
Não estou nem aí se está em dia
Com suas prestações, obrigações, coisa e tal.
Digo, sem receio ao rubor:
Não sendo o ceifador,
- Quem quiser, pode, com gosto,
Me levar a mal.
Eu quero mesmo é redundante distância
De qualquer médico legal.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Desencontro Marcado



















Se eu jurar que não te amo
Se eu conseguir te convencer
Será que você pode repensar
E vir aqui, me ver?
Pode vir agora,
Para as horas não é tarde,
Apenas para nós
Faz-se o tempo um alcaide.
Venha sem medo:
Quem te assustava tanto
Não mora mais aqui
E não volta tão cedo.
Estaremos, portanto, juntos e a sós.
De nós desatados,
Pelo amor de Deus, acolhidos,
Pelo nosso, desapegados.


sábado, 23 de agosto de 2008

Pensamento de um gordinho...

"Estou em paz com o mundo,

afinal,

nós dois somos

redondos."



*PS> Antes que algum movimento em defesa das criaturas GG ou coisa parecida se manifeste por eu ser politicamente incorreto, esclareço que o "gordinho" em questão sou eu mesmo. Então, a barriga é minha (estou redondamente certo disso) e eu falo dela do jeito que quiser. Quem não gostar, com todo o respeito, vá se f...

Eu e minhas idéias...

Sempre li sonetos. São difíceis de dizer sem aquele tom declamatório, por causa da rígida métrica. Para quem não sabe, cada uma das quatorze linhas de um soneto é composta por dez ou doze sílabas poéticas (não é a mesma separação de sílabas utilizada por nós normalmente). Não vou me alongar para não ficar chato, mas acabei descobrindo que o soneto de doze sílabas(ou dodecassílabo) é também chamado de Alexandrino. Acham o quê? Tive que tentar escrever um, ora bolas. Então, um Alexandrino... Por Alexandre.

Alugado


Hoje passei um dia muito esquisito,

Coalhado numa angústia retinta.

Tomaram-me crenças em que não acredito

- Talvez a mente para mim mesmo minta.


“Coisas” de gente dum pensar erudito

Cujo sentir nada mais saiba ou sinta.

Emprestei então o meu peito contrito

À angústia esvicerada e faminta


Cercou-me, acinturando-me o plexo;

Reles, e emocionadamente sucinta,

Num taciturno e insular amplexo.


Por fim, em sua retina vi meu reflexo.

E ouvi da face pálida e distinta

Um sussurro conformado e desconexo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pausa para a faxina

Ando tentando escrever, não consigo. Tenho vontade, mas os pensamentos passam muito rapidamente, acima da capacidade da fotocélula do meu radar. Vi umas teias por aqui e resolvi limpar um pouco. Estou olhando as janelas, tudo ok. As entradas são permitidas, podem usar a porta da frente. Vejo que trabalhamos e estudamos, tentamos ganhar mais dinheiro das formas ao nosso alcance... Pelo menos sigamos os bons exemplos (Que não são necessariamente os que deram certo). Acusam a vida não ser justa. Ouço-a retrucar: “-Não sou mesmo. A JUSTIÇA não é justa, ou não cederia tanto. Parece mais um tecido surrado e esgarçado!”. Escutei ontem, por acaso (Acreditem...), uma abastada senhora reclamando da vida. Nunca vi ninguém questionar se merece as dádivas recebidas. A vida, graças a Deus é feita de curvas, alguns retornos e muitos pedágios. Mas não se iludam. Não ansiamos tanto assim por felicidade, dinheiro, fama, sucesso, saúde, paz, amor... O que caçamos, desesperadamente, é um animal chamado “tempo”.

sábado, 5 de julho de 2008

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Obrigado meu Deus, por eu estar aqui.

Por todos os poucos problemas que enfrentei,

Pelos muitos erros que cometi,

Por cada lágrima que chorei.

Por me fazer acreditar em não falar sozinho.

Por cada pedra que colocastes em meu caminho.

Obrigado por eu sofrer

E perdoe-me por ter sido a causa do sofrimento de outrem.

Aproveito e agradeço de antemão

Pelo sofrimento dessa outra irmã ou desse outro irmão.

- Eles podem não entender ainda o valor do quinhão.

Obrigado por me estender a mão e indicar o caminho

E por me fazer capaz de enxergar o pouco que consigo ver.

Obrigado pela minha consciência em meu não saber

E pela sua paciência em me ouvir, independente de meus pedidos negar ou atender.

Obrigado por acolher-me em suas mãos como se fosse um berço

E por oferecer-me sempre algo infinitamente melhor do que mereço.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Meus Parabéns. (Aguas Claras, DF, 16 de junho de 2008)


Dizem de quem quase morreu:

Nascestes de novo!

Ao perigo iminente

Deu-se o status de parto,

E de mãe a uma quase tragédia.

Estou é farto desses absurdos,

Lugares comuns em tragicomédias.

Puxasaquismo com os cultos

E com os “religiocratas”.

(Ponho-me, de tão modo puto, a inventar palavras)

Nasço de novo todo ano,

Em junho, dia dezesseis.

Não dependo de quase morrer para comemorar.

Vida é festejar, um dia de cada vez

- E por todo o calendário -

O advento da data.

Não existe felicidade adquirida.

Pode estar ela adormecida,

Mas é sempre nata.

É parte, não à parte.

É o que compõe,

Não o que resta.

Parece até irresponsabilidade

Mas, na verdade, comemoro sempre

Pois não há garantia

Da minha presença na próxima festa.

A quem simplesmente espera pelo dia

Meus parabéns antecipados.

Não defenestro, tampouco me junto a estes.

Esperem sentados até que alguém diga:

Mais um ano, de novo, quase vivestes!


Nossa! Já faz mais de um ano do início do blog. Culpa do David Lima. Isso mesmo, qualquer queixa, postem no blog dele “A Laranja de David Lima” (está nos indicados, no canto direito da página). Aproveitem para ler: É muito bom. Podem acreditar, não tenho grana para ficar rasgando seda à toa (até estopa estou economizando). Hoje completo quarenta anos de passeio por aqui. E, rapaziada, como me divirto... Vida difícil? Difícil é largar o osso. Quero ficar até quando os neurônios cansarem e forem apagando o salão em sinapses preguiçosas. Por fim virarão de lado para dormir. Aí é só esperar o desembaraço e começar tudo de novo.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A medida certa do amor (20080527DF)

Nunca mais digo que te amo demais.

Não quero abraçar-te demais,

Beijar-te demais,

Querer-te demais

Ou sequer fazer-te um carinho a mais.

Amo-te tanto quanto é possível amar alguém,

- Para muitos um lugar inalcançável.

Admitir que te amo demais

Seria ter a pretensão de medir um sentimento imensurável,

O qual, em movimentos lépidos,

Zombeteiramente escapa de quaisquer sistemas métricos.

Admitir que te amo demais,

Seria professar a possibilidade da existência

De um menos gostar de ti

Quando não existem reticências

Tampouco aqui ou acolá,

Medida certa ou errada.

Existe amar

Que é tudo,

E mais nada.


sexta-feira, 23 de maio de 2008

Racional (DF 14042008)


Minha razão toma-me de assalto,

É bruta, eloqüente, mordaz,

Capaz de atirar para o alto

Uma cristaleira das mais raras

Por um simples momento de paz.

É a senhora cujos caminhos sigo

Sem questionamentos.

Entrego-a em penhora meu destino

Sem a menor garantia de emolumentos.

Por vezes é até cruel,

Mas não guardo ressentimentos

Ela não faz por mal,

Cuida de mim como fosse minha progenitora.

Incentiva, agoura,

Espanca sem dó,

Afaga, lambe as feridas,

Aconselha-me quando estou só.

É odiada, é amiga,

É sábia sem medida.

Tão racional é minha razão...

Sabe até quando deve calar-se

E deixar falar apenas o coração!

domingo, 18 de maio de 2008

Obrigado, Banco de Talentos - FEBRABAN 2007


Poesia escolhida :


Linhas da Vida

Publiquei-me.

Quando li, percebi que estava cheio de erros.

Falhou a revisão à minha visão retorcida.

Não fiz alarde:

Também falham, cedo ou tarde,

Os aterros na contenção do mar,

As capas na contenção das páginas,

As pálpebras na contenção das lágrimas,

A memória na contenção dos momentos,

Os intestinos na contenção dos excrementos

- Sem querer ser rude, admito ser mais poética

A falha dos meninos na contenção da juventude. -

A despeito das muletas onde sustento minhas escusas,

Reli-me do início ao meio

- As linhas do desfecho ainda são confusas, escalafobéticas. -

Reconheci-me em um arremedo de métrica:

Reticências sem seqüência...

Princípios em minúsculas

Com maiúsculas expectativas!

Períodos fora de época,

Ações defectivas,

Vírgulas apavoradas,

Impotentes ante o desemprego das palavras

Nos parágrafos sem justificativa.

Sujeitos passivos, substantivos sem substância,

Dispostos a guardar apenas distância

Daquela burocrática reunião,

Onde cada letra se contorcia

Como fosse um garrancho de próprio punho.

Enfim, a pretensão de antologia

Encontrava a vocação para rascunho.

Meu Cel de Brasília (18052008 DF)


Era uma tarde em nuvens:

Eu a apreciava da varanda de um prédio de esquina

No sudoeste da capital federal.

Lembrava-me da peça que falava em não falar mal

De uma tal de rotina,

Onde, a certa altura, era lida uma poesia

Exaltando a beleza do céu de Brasília.

Eu , um carioca mais acostumado a contemplar o mar,

Não havia ainda percebido o modo certo de olhar!

Sim, pois, é de outra maneira...

Não o tentem ver com um simples vislumbre de cartão postal.

Parece querer este céu absolver-nos,

Livrar-nos de qualquer mal.

Ajustei a câmera do celular...

Estranho lembrar:

Na peça, falou-se também do aparelhinho.

Naquele momento, ao capturar a imagem,

Captei também a mensagem:

Olhar para o céu é ser feliz sozinho,

À noite ou durante o dia.

Não obstante desanuviado

Ou no acúmulo dos cúmulos,

Quando parece congestionado.

Ocorreu-me um pensamento,

Desde então recorrente

(E isso muito me apetece ):

Ao ligar meu cel ao céu do DF,

Era o meu ohar maravilhado

Quem estava a ser, na verdade, fotografado.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Previsões e o Tempo


Se é pouco o tempo

Diz-se dele que ainda não sabemos

Se é extenso,

Diz-se que o perdemos

Mas... Quem diz?

Aqueles com os quais a rima perderia o sentido,

Usasse o verbo ‘dizer’ na terceira pessoa do presente

E um estado de felicidade que, quem só diz, não sente.

Aliás, pensando bem, ora pois,

Para quê terceira pessoa?

Bastamos nós dois.


domingo, 11 de maio de 2008

O Solitário Desejo (11052008 DF - A pedido de uma queridíssima amiga...)


Fosse a saudade uma flor,

Quantas pétalas teria ela?

(Consegue me responder a ciência?)

Seria de bom tom brincardes assim de malmequer,

Despetalando meu coração com a angústia da tua ausência?

Enquanto a saudade cobre meu corpo

Como uma frondosa hera,

Você, despido de qualquer sentimento,

Procura-me apenas para serenar meu particular tormento

Com homeopáticas doses de um amor

Que mais parece uma quimera.

Eu não digo que quero,

Nem digo que não,

Meu corpo, meus lábios,

Tratam de, por conta própria, silenciarem minha razão.

Sepultam a minha certeza de bombardear-te com franqueza

Sem dar-te tempo de buscar abrigo,

Na esperança de que possas me amar,

E finalmente ser franco comigo.

Atropelamento e Fuga (11052008 DF)


Era um indivíduo precavido,

Atento a todos os detalhes.

Não descuidava das portas

- Sempre dava duas voltas nas chaves -

Verificava com minúcia os cadeados.

Estava sempre abrigado contra o sol e a chuva.

Olhava para todas as direções antes de atravessar a rua.

Conduzia o carro como se fizesse uma prece,

Tinha todos os dispositivos de proteção:

Cintos, airbags, ABS...

E diploma de primeiros socorros do curso de especialização.

Motorista experiente, com a mesma calma ia por pistas sinuosas,

Retas, mansas e caudalosas.

Ignorava resultar em placebo

As prevenções contra o seu mais íntimo medo.

Nunca se imaginara naquela situação.

E ali, prostrado, estirado no chão,

Viu suas certezas desaparecerem,

Suas mãos suarem e tremerem,

O coração disparar em agonia,

Sem ao menos se importar com os radares

Espalhados pela rodovia.

Escurecida a visão, seus olhos brilhavam,

Guardando as fotos tiradas no momento do acidente.

O momento para o qual estava fadado.

Quando, inadvertidamente, pelo amor,

Fora impiedosamente atropelado.




sábado, 10 de maio de 2008

O bêbado, o equilibrista e o cantor de chuveiro...

Imagina um sujeito cara-de-pau... O cara canta no chuveiro e sua voz ecoa no prédio inteiro. Não satisfeito em perturbar os vizinhos mais próximos, o fuça-de-peroba grava um vídeo e posta na internet para o alcance ser maior. Podem ficar calmos: As imagens são do teto do banheiro. Não quero ser conhecido pelo corpinho escultural... Ah, antes de sacanear, grave um. Mas só vale se tiver o barulho do chuveiro ao fundo e nenhum recurso técnico de edição de voz. Ah, e esse eu gravei com um celular SonyEricsson W580i. Chupa essa manga!!!





quarta-feira, 7 de maio de 2008

Caixa Preta (07052008DF)

Quando a aeronave espatifou-se contra o solo naquela ensolarada manhã de abril, as emissoras de rádio e televisão transmitiam ao vivo a cerimônia de formatura dos cadetes do sétimo regimento. Foi tudo muito rápido. Em uma manobra exaustivamente praticada, o caça perdeu altura e acabou-se em uma bola de fogo. A esperança do piloto ter ejetado logo foi dando lugar ao desespero. O resgate chegava rápido ao local da queda, mas só havia chance de recolher os pedaços do avião e do piloto, Capitão Adam Avlis. Tinha acabado de se formar e esse era o seu primeiro vôo de exibição. Um filme passou na cabeça da sua mãe, que assistia à cerimônia do palanque central: Desde pequeno o filho sonhara com aquele momento, quando deixava de lado os carrinhos e a bola de futebol para brincar com aviões de papel. Cresceu, estudou, e nunca pensou sequer em seguir outro caminho. Viveu a vida inteira para aquele momento. Viveu a vida inteira para morrer ali, na sua frente. Ela, apesar de toda a dor, sabia que o filho estava realizado. Tinha certeza que valera a pena. Os outros tentavam entender o porquê dele não haver seguido outro caminho, inconformados de uma trajetória tão bela terminar assim. Soubesse ele, talvez tivesse topado tudo de novo. Ou faria tudo diferente, brincaria com os carrinhos e a bola de futebol. Sem viver, nem ele, nem ninguém tem como dizer . Pois é, fica tão mais fácil julgarmos quando não estamos calçados nos sapatos do réu. Entendo a natureza humana e acolho os veredictos com o respeito que ocasionalmente falta ao júri. Mas não peçam para eu aceitar a cobrança por uma sabedoria que ninguém jamais terá. Vão viver, filhos.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A Foto E A Síntese.(06052008DF)

Tempo estranho:

No quarto escuro e nublado

Eu mesmo dou conta de acordar meus pesadelos.

Temo mais é ficar só

Do que temo meus próprios medos.

Nessa hora onde a fé fenece,

Até se oferece a agonia

Bela dama de companhia.

Horas, são quase oito.

Pergunto se é dia ainda.

E você, linda, ri sem graça ao meu lado,

Direto do passado estampado no porta-retratos.

Eu, na foto, grito.

Mas, no quarto, permaneço imóvel, mudo,

Ao lado de um cinzeiro boquiaberto,

Com o cigarro na boca a enfumaçar tudo.

Quando o vermelho desbota,

A paixão já queimou tudo o que tinha.

Então não sobram rosas,

Apenas cinzentas cinzas.

Vejo as flores na foto,

Só elas esmaecidas.

Esquecidas as cores,

Desbotados os amores,

Por ora, mãos de mãos vazias.

No aguardo das emoções virarem adubo,

Outra vez brotarem

E perfumarem a fumaça dos dias.


domingo, 4 de maio de 2008

Cuidados básicos com a saudade. (05052008DF)


A felicidade é uma porta

Por onde a saudade não passa,

Finge-se de morta para não ir em frente.

Fechada a porta, faz algazarra,

Bagunça, maltrata, exibe todo o seu orgulho.

Mas ao menor barulho, fica novamente imóvel,

Desfalecida à soleira.

Espera que alguém, com dó,

Venha tentar soerguê-la.

Não venham!

Nunca se agarrem às suas pernas,

Observem-na de longe, admirem suas belas matizes,

Ou alijados serão de seguirem em frente

Em busca de serem outra vez felizes.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Voltei (DF, 24042008)

Voltei-me e deixei o presente virar passado,

Virar saudade,

Virar carinho,

Virar uma sensação de fracasso

Por não ter feito por outrem

O que fizeram por mim.

E assim continuo,

Amando todos que amei:

A vó, o vô, os tios, tias, primos, primas,

Os amigos que foram para o andar de cima.

A, espero um dia, grande amiga,

Cuja felicidade desejo mais que a minha.

Eu vinha ontem, pela estrada,

Pensando na covardia,

Na acomodada cegueira,

Em nada incomodada por uma antiga ferida,

Teimosa a tal ponto de, por um triz,

Recusar-se veementemente a virar cicatriz.

Vou adiante do revés que eu mesmo causei,

Não nego,

Tão pouco digo que, fosse outra vez, faria não.

Tenho a certeza ofertada

Pela nua, crua e dolorosa constatação.

Sigo a vida,

Mas não mudo o viés.

Triste pela minha e pelas outras almas partidas

Das quais desvio na ponta dos pés.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Há vontades (DF, 12092007)




O quê você quer:

Dinheiro?

Carinho?

Vencer?

Um canto para ser realmente você?

Alguém que te entenda?

Alguém que te prenda ou quem te liberte?

Alguém que te conserte ou quem te bagunce de vez?

Quer mais uma hora, um dia, um mês?

Quer que te ignorem,

Ou que todos saibam o que você fez?

O quê você quer?

Sair em segurança ou se arriscar nas andanças?

Qual é o seu tipo:

O que garante o futuro,

Ou o que não teme o escuro e mergulha?

Quem és tu, o furo ou a agulha?

Esteja à vontade:

Ir, vir, avançar, desistir;

A vida não se faz de rogada...

Se há vontades

Para todos os gostos,

Não deve existir maior desgosto

Do que não ter vontade de nada.

(Para refletir) E disse Ghandi:



"- Não tem ninguém lá...

Tá todo mundo sozinho."


A "ghandi" figurinha que eu amo. Provavelmente a asneira mais genial que ouvi na vida.


domingo, 13 de janeiro de 2008

Timão tem novo patrocínio.

A campanha "Vamo subir Timãããoooo!!!!" ganha força com o anúncio do novo patrocinador do clube, o laboratório Pfizer. A ordem agora no Corinthians é "cresça, endureça e vá para as cabeças"!

As aparências enganam.

O líder do (des)governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) declarou à Rádio CBN que a queda da CPMF representa um grande prejuízo ao orçamento da União, posição reiterada pelo nosso “Commander in Chief” ao declarar em rede nacional: "Infelizmente, esse processo foi truncado com a derrubada da CPMF, responsável em boa medida pelos investimentos na saúde. Como democrata, respeito a decisão tomada pelo Congresso. E estou convencido de que o governo, o Congresso e a sociedade, juntos, encontrarão uma solução para o problema".

Dias antes, havia ouvido na mesma rádio o presidente dizer que mais de 70% da CPMF eram destinados à saúde. Só se for à saúde financeira de alguém. Segundo matéria publicada na Agência Brasil em de setembro de 2007 (http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/09/04/materia.2007-09-04.2061585115/view) o Sinistro da Saúde José Gomes Temporão declarava (aparentemente satisfeito) que a aplicação da CPMF na saúde crescera 61% desde 2003 e alcançaria em 2007 o patamar de 15,8 bilhões de reais. Peraí, vamos a uma matemática básica: 15,8 bi representa apenas 39,5 % de 40 bi! Cadê o resto dos mais de 70%? Só para termos uma idéia, o orçamento da saúde para 2007 foi de 49,69 bi, ou seja, quase totalmente coberto pela CPMF se esta fosse aplicada onde deveria. Como desculpa, aumentam o IOF e já estudam reapresentar a CPMF antes do final do ano, aproveitando a deixa para “entubar” mais um pouquinho. A propósito, não poderia ser mais vergonhosa a desculpa dada pelo Sinistro da Fazenda, Guido Mantega, como mostra o texto extraído do jornal Zero Hora:


No mês passado, depois de o Senado acabar com o chamado imposto sobre os cheques, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia descartado o aumento de impostos para compensar a retirada dos R$ 40 bilhões. Ontem, líderes da oposição no Congresso acusaram o governo de quebrar o acordo feito no final do ano e que garantiu a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Na ocasião, para conseguir os votos necessários à aprovação do dispositivo que permite a liberação de 20% da arrecadação para gastos livres, os governistas diziam que não haveria aumento de impostos.”

...

Ao justificar as medidas, Mantega disse que o compromisso do governo de não elevar impostos valia apenas para o ano passado. E insistiu que não se tratava de um pacote:

- O presidente Lula disse que não mexeria na área tributária em 2007 e de fato não o fez. Estamos fazendo em 2008 e, portanto, está dentro daquilo que foi estabelecido. Isso não é um pacote. São apenas duas medidas tributárias de ajuste. É um ajuste mínimo - argumentou.

Isso sem esquecer que o imposto de renda pago pelo contribuinte brasileiro tem uma das piores relações custo-benefício do mundo: apesar de alto, precisamos pagar por segurança, saúde e educação particulares, pois esses serviços (que deveriam estar incluídos) não são fornecidos pelo Estado em condições dignas. Lembro de colegas na faculdade oriundos de intercâmbios com países como Peru e Angola com uma base educacional infinitamente superior à nossa. Eu pensava: como pode, nosso país não é mais desenvolvido? De qualquer forma se não somos os mais inteligentes, devemos ser o povo mais rico do planeta... Imagine: 27,5 % do salário, todo o mês, para o governo, além do INSS!!). Sem contar com as outras taxas, embutidas aqui e ali. Para comparar: um iPod shuffle, o mais barato, custa por aqui cerca de 300 reais. Nos EUA sai por 79 dólares, ou seja, 138 reais e 53 centavos na cotação do dia 11/01/2008. E eu ainda queria realmente saber o que fazem com o IPVA. Aqui, na Capital da REBUblica, tem cada buraco nas vias principais que me pergunto como serão as secundárias... E, assim como os buracos, os gastos do governo vêm aumentando ano após ano e a saída, obviamente, virá dos meus, dos seus, dos nossos bolsos. E dizem que essa é uma administração responsável. Eu,... Bem,... Minha mãe pode até ter sido lavadeira, mas nunca fui trouxa. Posso até ter cara, mas nunca fui, não.