sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Crises, Cruzes e Credos.

Os países com maior representatividade no cenário econômico mundial deveriam coordenar esforços para criar um fundo de socorro para momentos como o da atual crise. O dispositivo deveria chamar-se, apropriadamente, 


FUndo De Emergência Unificado.




quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quando ficar parado é fazer parte do movimento...

Analfabetismo Funcional : Quando o governo tem preguiça de ensinar.


Vi, no Jornal Hoje, uma reportagem (em um quadro chamado “Era uma vez...”) sobre o analfabetismo funcional. O que vem a ser isso? Bem, é o nome bonitinho, cheio de tecnicidades, dado para milhões de ocorrências de crianças analfabetas freqüentando a escola. No meu tempo (não tô nem aí se pareço um velho...), éramos analfabetos só quando entrávamos na escola. Depois, naturalmente, aprendíamos a ler e a escrever, e seguíamos em frente. Fazíamos as provas e trabalhos em busca de aprovação para o próximo ano. Quando acontecia de não conseguirmos, fazíamos tudo de novo. Não chego ao ponto de dizer que a escola preparava para a vida, pois a vida nem sempre dá chance de "repetirmos de ano", mas que ajudava, ajudava.  Lidávamos com a responsabilidade, com a superação, com o sucesso e o fracasso. Diferente de meu amigo João, que exibe orgulhosamente seu impecável boletim (impecável mesmo. E exibe até hoje, com justificado orgulho), eu tive algumas páginas não tão brilhantes no meu histórico escolar pós primeiro grau. Confesso: Tenho dificuldades com ciências exatas. Costumo dizer que adoro matemática (e é a mais pura verdade!), mas ela não gosta lá muito da minha pessoa. Sempre fui um “ser” de comunicação. Mas sempre fui, também, um “ser” teimoso, impulsionado pelos desafios. Na hora de fazer faculdade, eu acreditava ser muito cômodo cursar jornalismo ou publicidade (trabalhava como redator publicitário na ocasião). Tinha muito contato com o conteúdo do curso e este não me desafiava em nada. Fui fazer o quê, então? Na época, engenharia de sistemas (depois virou informática e, por último, ciência da computação) e todos os seus cálculos e físicas. Sufoco total. Onde quero chegar? O governo, em seu mais absurdo desgoverno, acredita ser traumático demais para uma criança ficar reprovada na escola. Para nossos “caciques” a solução “alternativa” é a aprovação automática. Para mim, não há essa tal “alternativa”, a solução é uma só: Estudar, porra! Conheço muita gente arrependida por ter largado os estudos, porém nunca vi ninguém traumatizado por ter ficado reprovado na escola. Hoje cheguei ao absurdo de ver , na matéria do telejornal, um menino de dez anos traumatizado por ter sido aprovado sem saber ler. Atualmente, ele cursa(?) a quarta série do ensino fundamental (fundamental para quê, mesmo?). Esse menino é um dos milhões de “produtos” da idéia do governo, onde o “traumático repeteco” pode ser explicado pelas contas e não pela “cuidadosa” psicologia: O motivo real é o custo de repetência, quanto é o gasto do poder público por criança em uma escola municipal. Esperem aí: Quanto é gasto? Desde quando preparar um cidadão é gasto? E eu ainda me admiro quando vejo qualquer aluno, de qualquer país na nossa "subdesenvolvida" América Latina dar de dez a zero nos nossos, por exceção, “emergentes” compatriotas. Tornamo-nos um país onde a ignorância é subsidiada pela falta de respeito com a educação. Podemos gastar fábulas com viagens, cartões corporativos, compras superfaturadas, salários astronômicos... Mas vamos economizar no ensino. Qual é o futuro de um país assim? O interesse político na ignorância para a manutenção do status quo não parece teoria da conspiração, é a conspiração na prática! Estão roubando o futuro das nossas crianças! Afanando-lhes a oportunidade de serem pessoas capazes de encarar a vida,  superar obstáculos, de vencerem, perderem, empatarem. E estarem sempre prontas para entrar em campo e jogar novamente. O resultado é W.O. na certa.

 

Poesia? Não, ninguém nunca fez.


Fazer poesia é um exercício de petulância. Ninguém “faz” poesia. No máximo, ela se permite um encontro conosco. Escorre por entre as folhas das árvores, desce pelos raios do sol, goteja com a chuva, urra com barulho do mar... Acontece! Isso mesmo, com tudo de bom e de ruim também. Há poesia em todo canto, desde sempre. No final das contas, mesmo que não saibamos ou não queiramos, é ela quem acaba nos fazendo, por amor, por descuido ou só de sacanagem mesmo. Não acha? Ué... E por acaso dois corpos entrelaçados não dão versos arretados?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mesa Redonda (Lembranças felizes das peladas na rua Batovi, Alecrim e Jaborandi)


Os meninos deitados na calçada
Sob a sombra da amendoeira
Comentavam a batalha travada
Na disputa pela bola de meia
As proezas de fulano,
Malabarista de guia,
Ou meio-fio, como queira.
Os dribles de beltrano,
Os passes perfeitos de esguelha.

Sangue e areia nos pés descalços...
Observo, lá no alto, a lagarta na folha
Perto da amêndoa madura.
Soubesse falar lagartês
Em tom cortês pediria
E ela gentilmente jogaria
Em meu colo a suculenta fruta.

Vôo solo divagando
Enquanto vai a tarde,
Mansa e resoluta,
Repousar no horizonte.
Precipitam-se sombras
E folhas em minha fronte,
Pousada sobre a raiz nascente,
Desenho em sutil movimento
Entre os escombros do pavimento.

Nós, crianças felizes, despidas de futuro!
Nosso imaginário canal 100...
Não existia Pelé, ou Garrincha,
Nem Zico, nem mais ninguém:
Éramos nós os craques de ontem,
De hoje, de amanhã
E a rua era nosso Maracanã.

Não havia o destino,
Saudade, mais nada.
Esse era nosso jogo:
Nas belas jogadas,
Passes no fogo,
Maravilhosas caneladas,
Jogadas combinadas, tabelas, macetes,
Só existiam os melhores momentos.
Nada das divididas da vida,
Este campo, numas vezes tapete,
Noutras duro como cimento.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Justificando...


Hoje acordei cedo (tá legal, nem tão cedo assim). Sob o sol de domingo, dirigi-me a uma escola perto da minha casa. Bem perto mesmo, cerca de duzentos metros. A fila não estava  grande mas  andava pouco por causa da pista seletiva de idosos, gestantes, pessoas com necessidades especiais e carregadores de criancinhas (vi a mesma criança com, pelo menos, quatro pessoas diferentes). Nada contra os idosos, as gestantes e os portadores de necessidades especiais... Só acho que o pessoal  zona eleitoral devia organizar melhor a distribuição, pois a sessão onde eu estava era a primeira e acabava todo mundo indo para lá. Fazer o quê? Acho que, se fosse para organizar, não se chamaria “zona”.  De qualquer forma, toda a vez que voto ou preencho um formulário de justificativa eleitoral, sinto-me enganado. Justificar o quê, afinal? Que p. de democracia é essa? Não posso exercer o meu direito de não confiar em nenhum candidato e simplesmente não votar(e obviamente não precisar justificar coisa alguma)? Sou obrigado a comparecer a uma “organização” eleitoral  e votar, nulo que seja, ou justificar, quando os candidatos é que deveriam justificar a minha falta de opção.  Talvez eu esteja errado e ser democrata seja isso mesmo, bradar pelos direitos e descer a porrada em quem faz algo diferente da sua visão de direito. Um processo "democrático" que começa com uma propaganda eleitoral obrigatória só pode dar nisso...