O menino de
ontem traz no rosto,
Tatuado, um
sorriso
Como se
sorrir fosse como respirar
Um
movimento involuntário,
Inadiável e
preciso.
A apnéia revela
em seus olhos
Sombras de
um presente roubado,
Vislumbrado
ao longe.
O menino de
hoje tem os sentidos anestesiados.
Talvez por
isso pareça
Ter a
paciência de um monge
Os meninos
de ontem e de hoje
Por vezes
brigam como irmãos,
Culpam-se,
choram de vergonha
Enquanto
escondem os rostos
Nas palmas
das mãos.
Cada ser
humano é um microcosmo
Revestido
com a frieza
Das
entranhas das suas próprias tragédias.
Ingresso
que não dá direito a matar
Ou por
vontade própria, morrer.
No máximo é
a obrigação
De abrir os
olhos todos os dias
Enquanto o
coração bater,
Levando no
fundo da carteira
Uma
desculpa para sofrer.
Descomunal
é a injustiça
De terem os
meninos esse fardo
Quando, ao
invés do ladrão,
São eles os
condenados.