sábado, 31 de março de 2007

Ah, vai pra...



“Armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas.” O fdp que cunhou essa frase só podia estar de sacanagem. Já pararam para pensar no tamanho da idiotice? Se não fosse para matar, qual seria função delas? Um 38 como peso de papel? Alguém imagina um AK-47 escorando um varal? Valham-me Nossa Senhora dos Antibélicos e São João dos Coletes à Prova de Balas. Mas um Estado que diz “Estupra, mas não mata!” só pode gerar este tipo de distorção. Um Estado de verdade não deixaria acontecer nem uma coisa nem outra.

terça-feira, 27 de março de 2007

Idéias preservativas.

Assisti a uma reportagem sobre o uso da camisinha. Coincidência ou não, foi exibida logo após a uma matéria cujo tema principal era o significado da palavra “hipocrisia”. Bem, a reportagem começava com um clérigo falando sobre a posição (!?) da igreja, notadamente contrária ao preservativo (afinal, sexo só com fins de reprodução!), e passava para um grupo de jovens com a mesma opinião. Escutei as justificativas e, admito, algo me incomodou (e não foi a camisinha). Uma certa miopia intelectual, a idéia de uma crença não admitir diferença. A certa altura da reportagem, em um grupo de discussão, um dos jovens argumentou que a campanha pelo sexo seguro e a educação sexual nas escolas incentivava a iniciação precoce e o sexo indiscriminado, e todos os outros concordaram. Rapaz, então estamos em perigo mesmo: seremos todos magérrimos de caráter, graças à ética dietética dos nossos políticos, e viciados, por conta da distribuição de seringas descartáveis para usuários de drogas. Tadinhos de nós! Precisamos sumir urgentemente com os rádios, aparelhos de TV, jornais, revistas, enfim, tudo capaz de influenciar nossa ruína, da propaganda daquele carro esporte, cujo único intuito é fazer nosso pé pesar sobre o acelerador até nos espatifarmos em uma árvore, ao biscoitinho de chocolate que conspira para o acúmulo de calorias, para o aparecimento da diabetes e de outros males advindos do excesso de peso. Vi uma arma na vitrine de uma loja de caça e estou doido para atirar em alguém. Lembra daquele filme onde os heróis ziguezagueavam por um campo minado? Pois é, Juquinha assistiu, pegou um avião para a África e acabou explodindo-se. Informação? Para quê? Não viram Equilibrium*? Informação incita a tentação! É o demo, transforma mentes em formação em mentes em deformação! A solução é colocar o livre-arbítrio em cana. Vamos nos interditar, assinando a declaração de incapacidade em gerir nossas atitudes ou de educar quem quer que seja. Quer dizer, assinar não vai dar (somos in-ca-pa-zes, esqueceu?). Será difícil arrumar tutores para tanta gente. Talvez o pessoal da entrevista não tenha percebido, mas não estavam abolindo a camisinha. Estavam apenas trocando-a de lugar.

*Nas locadoras. Recomendo.

terça-feira, 20 de março de 2007

Disparo acidental.


Por favor, desculpe-me.

Não era minha intenção

Acertar-te o coração em cheio,

Mas você pôs-se bem no meio deste fogo amigo

- Quiçá amado.

Foste inábil para saltar de lado

Ante o disparo dos versos,

Culpados por roubarem tão raras lágrimas.

Dispenso o recesso, o contraditório

E sua ampla defesa de palavras vazias.

Fui eu!

Sou o assassino confesso da tua apatia.

domingo, 18 de março de 2007

Silêncio: a discussão mais íntima.

- O problema, Clotilde, é que eu falo pra cacete. Até quando estou quieta, desando a tagarelar em silêncio, comigo mesma. Dormindo ou acordada, parece existir uma multidão dentro da minha cabeça, igual a um mercado persa, gritando, urrando para ser ouvida. Cada um diz uma coisa, como em um pregão, oferecendo suas idéias para eu decidir qual tem mais ou menos valor. Aí você, sentada na outra ponta da mesa, olha para mim e comenta com a pessoa ao lado:

-Olha a Quitéria... Como é calma! Invejo sua placidez.

-Placidez. Qual nada! Estou é discutindo...


sábado, 17 de março de 2007

A menina dos olhos






Vai passando um pequeno carro sem freio

Com uma menina e seus óculos de aros vermelhos.

O carro tem volante, mas não tem governo.

Sabe-se dele o início, mas não o termo.

Vai ao sabor das ruas

Como vão as marés, das fases da lua.

Através das pequenas janelas,

A criança vê o mundo com olhos de colorir,

As imagens enchendo-lhe a pança das retinas

Até as lentes pularem da face

De riso e choro fáceis.

A pequena dá de ombros

E tateia o chão com a mão até encontrar

- Surpreende-se o mundo, sempre atento,

Ao perceber que em nenhum momento ela desvia-lhe o olhar.


sexta-feira, 16 de março de 2007

BBB - Big Boss Brasil

A propaganda política é um tormento. O horário eleitoral só é gratuito para os aspirantes aos cargos eletivos; para nós, contribuintes, custa muito. É de uma inutilidade pública sem precedentes o discurso batido dos "gatos-mestres" da política ou as bizarras (para não dizer ridículas) tentativas de chamar a atenção em poucos segundos (pensei que, para votar, precisávamos levar o sujeito a sério). Assistir besteira, todo mundo assiste (não adianta negar!), mas por livre-arbítrio. Então, vai uma sugestão: confinar os candidatos em uma casa (ou uma assembléia ou câmara cenográficas, vá lá...) e monitorá-los durante três meses, em um grande Big Brother Eleitoral. O Big Boss Brasil substituiria por completo as (para nós) inúteis campanhas eleitorais e divertiria muito, mas muito mais do que o original. Pois é, desse eu até compraria o pay-per-view...


Qual é a receita?










Chega um senhor e joga o CPF em cima da minha mesa:

- O quê que o meu CPF tem?

Calmamente, levantei as mãos e respondi:

- Olha, eu não sou médico. Mas, olhando assim, ele parece estar bem...

O cliente abandonou a agressividade:

-É que eu recebi uma carta dizendo que a receita estava irregular...

Percebi:

-Sei. O CPF está irregular na Receita. Então o sintoma é outro. Pode sentar, e vamos salvar o paciente!

domingo, 11 de março de 2007

Achados e Perdidos.

Desconjuntura

Toda a norma é uma forma de conduta

Dos dez mandamentos à pensão de alimentos

A sanção é a resposta ao não

Ao desrespeito, à omissão

Culpa, multa, privação de liberdade

Nem sempre protegem a sociedade

Crimes praticados são leite derramado

A causa já era, resta o efeito

Sem reparação, sem jeito

Toda norma é uma forma de conduta

Para todos os filhos da mãe

Mas não para os filhos-da-puta

Seminus em cuecas dolarizadas

Com cara de quem não deve nada

Nada a declarar, nem a vocês, nem à receita

Com o tempo, tudo se ajeita

Basta acreditar no presente

Deixar o passado de lado

Comprar um carro para um deputado

Preencher um cheque, acender para o diabo uma vela

É o que transforma este país alquebrado

Naquele menino da favela

Que pensa sonhar ser respeitado

Mas com todo o ódio reprimido

Deseja mesmo é ser temido

Ostentar no pescoço grossos elos de ouro

Tal qual a argola no focinho do touro

Pelo alarido da multidão, tão envaidecido

Nem percebe estar prestes a ser abatido

Acha que ser humano

É ser bandido americano

Pegar sol no Havaí

Caçado pelo FBI

domingo, 4 de março de 2007

O mau Censo.


De fato, não há lá, no inferno, boa intenção alguma.

Apenas belos e mal-intencionados atos e suas mumunhas.