segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Desejo antigo.


Descanse em paz.






No Regrets


Eu não quero ter mais tempo

Não quero ter tido ou dito

Mais ou menos de nada

Não contabilizo momentos

Não coloco em uma despensa

Potes com sentimentos.


Minha vida não tem retrovisor

Para as lamentações

Desilusões e dor.

Às vezes, apenas repasso as ruas

Por onde fui feliz:

Por elas tenho apreço.

Sigo depois, sem mais,

Para um novo endereço.


Não coloco preço no meu sucesso,

Não peço milagres,

Minha fé melhor não é

Que a de ninguém,

Não sou quem diz

As maiores verdades

Ou guardo os piores segredos.

Não dou ouvidos

A todos que me chamam.

Tenho medo de ser esquecido,

Mas apenas pelos que me amam.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A poesia perdida (SP 28/03/2010).


Em um quarto de hotel,

As coisas espalhadas.

O copo vazio

- Não meio cheio.

E eu tentando juntar-me.

Celular, ipod, laptop conectados

Eu não:

Umplugged do mundo,

Olho o céu escuro de São Paulo.

São nove horas no oitavo andar.

Ponho-me a perambular,

Ir, voltar e batucar nas teclas

O som das idéias tentando fugir.

Capturo algumas.

Outras realmente se perdem,

Como a de hoje, na sala de embarque.

Era linda,

Mas eu não registrei,

Não a sussurrei no gravador do celular

Não fiz nenhuma mísera anotação,

Sequer um garrancho

Em um pedaço amassado de papel.

E agora ela está irremediavelmente perdida

Como a luz no escuro desse céu.

Eu a perdi como se perdem

Todos os possíveis grandes amores:

Não disse que a queria,

O quanto era importante para mim,

Quanto significado carregava

Em suas poucas palavras,

Em sua efêmera história.

Definitivamente,

Meu coração odeia minha memória.