domingo, 13 de janeiro de 2008

As aparências enganam.

O líder do (des)governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) declarou à Rádio CBN que a queda da CPMF representa um grande prejuízo ao orçamento da União, posição reiterada pelo nosso “Commander in Chief” ao declarar em rede nacional: "Infelizmente, esse processo foi truncado com a derrubada da CPMF, responsável em boa medida pelos investimentos na saúde. Como democrata, respeito a decisão tomada pelo Congresso. E estou convencido de que o governo, o Congresso e a sociedade, juntos, encontrarão uma solução para o problema".

Dias antes, havia ouvido na mesma rádio o presidente dizer que mais de 70% da CPMF eram destinados à saúde. Só se for à saúde financeira de alguém. Segundo matéria publicada na Agência Brasil em de setembro de 2007 (http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/09/04/materia.2007-09-04.2061585115/view) o Sinistro da Saúde José Gomes Temporão declarava (aparentemente satisfeito) que a aplicação da CPMF na saúde crescera 61% desde 2003 e alcançaria em 2007 o patamar de 15,8 bilhões de reais. Peraí, vamos a uma matemática básica: 15,8 bi representa apenas 39,5 % de 40 bi! Cadê o resto dos mais de 70%? Só para termos uma idéia, o orçamento da saúde para 2007 foi de 49,69 bi, ou seja, quase totalmente coberto pela CPMF se esta fosse aplicada onde deveria. Como desculpa, aumentam o IOF e já estudam reapresentar a CPMF antes do final do ano, aproveitando a deixa para “entubar” mais um pouquinho. A propósito, não poderia ser mais vergonhosa a desculpa dada pelo Sinistro da Fazenda, Guido Mantega, como mostra o texto extraído do jornal Zero Hora:


No mês passado, depois de o Senado acabar com o chamado imposto sobre os cheques, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia descartado o aumento de impostos para compensar a retirada dos R$ 40 bilhões. Ontem, líderes da oposição no Congresso acusaram o governo de quebrar o acordo feito no final do ano e que garantiu a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Na ocasião, para conseguir os votos necessários à aprovação do dispositivo que permite a liberação de 20% da arrecadação para gastos livres, os governistas diziam que não haveria aumento de impostos.”

...

Ao justificar as medidas, Mantega disse que o compromisso do governo de não elevar impostos valia apenas para o ano passado. E insistiu que não se tratava de um pacote:

- O presidente Lula disse que não mexeria na área tributária em 2007 e de fato não o fez. Estamos fazendo em 2008 e, portanto, está dentro daquilo que foi estabelecido. Isso não é um pacote. São apenas duas medidas tributárias de ajuste. É um ajuste mínimo - argumentou.

Isso sem esquecer que o imposto de renda pago pelo contribuinte brasileiro tem uma das piores relações custo-benefício do mundo: apesar de alto, precisamos pagar por segurança, saúde e educação particulares, pois esses serviços (que deveriam estar incluídos) não são fornecidos pelo Estado em condições dignas. Lembro de colegas na faculdade oriundos de intercâmbios com países como Peru e Angola com uma base educacional infinitamente superior à nossa. Eu pensava: como pode, nosso país não é mais desenvolvido? De qualquer forma se não somos os mais inteligentes, devemos ser o povo mais rico do planeta... Imagine: 27,5 % do salário, todo o mês, para o governo, além do INSS!!). Sem contar com as outras taxas, embutidas aqui e ali. Para comparar: um iPod shuffle, o mais barato, custa por aqui cerca de 300 reais. Nos EUA sai por 79 dólares, ou seja, 138 reais e 53 centavos na cotação do dia 11/01/2008. E eu ainda queria realmente saber o que fazem com o IPVA. Aqui, na Capital da REBUblica, tem cada buraco nas vias principais que me pergunto como serão as secundárias... E, assim como os buracos, os gastos do governo vêm aumentando ano após ano e a saída, obviamente, virá dos meus, dos seus, dos nossos bolsos. E dizem que essa é uma administração responsável. Eu,... Bem,... Minha mãe pode até ter sido lavadeira, mas nunca fui trouxa. Posso até ter cara, mas nunca fui, não.






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