sábado, 23 de agosto de 2008

Eu e minhas idéias...

Sempre li sonetos. São difíceis de dizer sem aquele tom declamatório, por causa da rígida métrica. Para quem não sabe, cada uma das quatorze linhas de um soneto é composta por dez ou doze sílabas poéticas (não é a mesma separação de sílabas utilizada por nós normalmente). Não vou me alongar para não ficar chato, mas acabei descobrindo que o soneto de doze sílabas(ou dodecassílabo) é também chamado de Alexandrino. Acham o quê? Tive que tentar escrever um, ora bolas. Então, um Alexandrino... Por Alexandre.

Alugado


Hoje passei um dia muito esquisito,

Coalhado numa angústia retinta.

Tomaram-me crenças em que não acredito

- Talvez a mente para mim mesmo minta.


“Coisas” de gente dum pensar erudito

Cujo sentir nada mais saiba ou sinta.

Emprestei então o meu peito contrito

À angústia esvicerada e faminta


Cercou-me, acinturando-me o plexo;

Reles, e emocionadamente sucinta,

Num taciturno e insular amplexo.


Por fim, em sua retina vi meu reflexo.

E ouvi da face pálida e distinta

Um sussurro conformado e desconexo.

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