Cometemos verdadeiras atrocidades
Casando palavras inconciliáveis
“– Todas as tardes esperava-te... E escrevia-lhe como se noite fosse por dias
incontáveis...”
Percebestes o absurdo?
Tento deter a caneta
Ao incontrolável desejo de escrever algo terminado em... MUDO!
Sou dos criminosos confessos:
Rimo amor com dor,
Alegria e apatia,
Rimo a moça bela, à luz da vela
Debruçada sobre o peitoril da janela
Na casa pequena de portas amarelas.
Mas há dias nos quais rimo nada,
Apenas idéias sem eira nem beira,
Palavras sem parentesco explícito,
(Talvez com um DNA...)
Nuvens nubladas por suas irmãs,
Reunidas mais perto do chão,
Dão-me a sensação de estar prestes a me molhar.
Odeio guarda-chuvas!
Sinto-me um idiota de cabelos secos
Encharcado do pescoço para baixo
Por uma zombeteira ventania.
As hastes finalmente dobram-se
À força do vento,
Os sinos da igreja também dobram
Como a rirem-se de mim.
Comecei arretado, acreditando-me um verdadeiro repentista,
Por fim pode ser até merecido, o resfriado.