segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Crime e castigo

As coisas feitas em nome da poesia?

Cometemos verdadeiras atrocidades

Casando palavras inconciliáveis

“– Todas as tardes esperava-te... E escrevia-lhe como se noite fosse por dias
incontáveis...”

Percebestes o absurdo?

Tento deter a caneta

Ao incontrolável desejo de escrever algo terminado em... MUDO!

Sou dos criminosos confessos:

Rimo amor com dor,

Alegria e apatia,

Rimo a moça bela, à luz da vela

Debruçada sobre o peitoril da janela

Na casa pequena de portas amarelas.

Mas há dias nos quais rimo nada,

Apenas idéias sem eira nem beira,

Palavras sem parentesco explícito,

(Talvez com um DNA...)

Nuvens nubladas por suas irmãs,

Reunidas mais perto do chão,

Dão-me a sensação de estar prestes a me molhar.

Odeio guarda-chuvas!

Sinto-me um idiota de cabelos secos

Encharcado do pescoço para baixo

Por uma zombeteira ventania.

As hastes finalmente dobram-se

À força do vento,

Os sinos da igreja também dobram

Como a rirem-se de mim.

Comecei arretado, acreditando-me um verdadeiro repentista,

Por fim pode ser até merecido, o resfriado.



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