quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A poesia perdida (SP 28/03/2010).


Em um quarto de hotel,

As coisas espalhadas.

O copo vazio

- Não meio cheio.

E eu tentando juntar-me.

Celular, ipod, laptop conectados

Eu não:

Umplugged do mundo,

Olho o céu escuro de São Paulo.

São nove horas no oitavo andar.

Ponho-me a perambular,

Ir, voltar e batucar nas teclas

O som das idéias tentando fugir.

Capturo algumas.

Outras realmente se perdem,

Como a de hoje, na sala de embarque.

Era linda,

Mas eu não registrei,

Não a sussurrei no gravador do celular

Não fiz nenhuma mísera anotação,

Sequer um garrancho

Em um pedaço amassado de papel.

E agora ela está irremediavelmente perdida

Como a luz no escuro desse céu.

Eu a perdi como se perdem

Todos os possíveis grandes amores:

Não disse que a queria,

O quanto era importante para mim,

Quanto significado carregava

Em suas poucas palavras,

Em sua efêmera história.

Definitivamente,

Meu coração odeia minha memória.

Um comentário:

David Lima disse...

Que bom que voltou a publicar :)
Adorei os comentários.
Vou voltar a passear por essas bandas daqui.

Abs,
David