sábado, 26 de janeiro de 2013
Da fé não trago (Alexandre Damasceno - 22/01/2013)
Se não sou mais
Então nunca fui
De verdade.
O tempo
Não volta atrás
Nem para buscar
A saudade.
Abuso tanto
De pensar em você
Que penso até
Sem querer.
Mas o trem passou,
O caixão fechou,
Quem beijou, beijou;
Minha vez é morta:
Eu mesmo matei.
Seu corpo jazz
Por baixo dos contraltos
Aldravando a porta
Com as notas do meu sax
Enquanto vaga insone
Meu descanso em paz.
Quero sair,
Tenho-te fome e sede.
Pelas paredes,
Entre rachaduras
E ganchos de rede,
Incontáveis imagens
Testemunham minha falta
Pelas tuas paisagens.
Queria outra viagem...
Onde meu once upon a time
Não estivesse this mess
Não me importaria se fosse tudo miragem
E virasse areia quente sob meus pés.
Mas o trem já chegou ao fim.
As pedras da calçada
Já nem se lembram mais de mim.
Nenhuma surpresa.
Ouço do bar defronte
O batuque sobre a mesa.
Desafios desafinados
De uma penca de vozes
A uma solitária viola.
Há tempos larguei
Meu agnus dei.
A fé não mais me consola.
Rezo ao rock,
Ao blues,
Ao samba,
Ao reggae,
Jogo búzios e bola.
Conforta-me um DVD de Montreaux
E um copo da água
Mineral de Moscow,
Gelatinosa e sem gás.
E o que eu quero tanto?
Tanto faz.
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