Passaram por mim
As priscas eras
E primaveris infernais outonos.
Ao abandono das folhas
Deixavam-me as caras companhias
Como os copos quebrados
Saudadeavam a cristaleira vazia,
De onde São Francisco
Tudo assistia.
Um olhar de barro
Sobre a poeira das ausências.
Os remédios sobre a cômoda
Dão-me a incômoda sensação
De estar trapaceando.
Ainda ando, trôpego,
Tropeçando nos degraus
Dos portais,
Os quais só notei
Depois dos setenta e muitos anos.
Ou mais.
Meu olhar embaçado
Tenta distinguir em fotos velhas
Os traços finos,
Idos da época em que o cristalino
Ainda não havia me traído.
Pergunto a Deus,
Aos anjos e santos
O que fiz para merecer isso.
O que fiz para viver tanto?
Não quero mais
Fazer parte da história.
Antes, jogava cartas.
Hoje apenas embaralho memórias.