terça-feira, 5 de julho de 2011

A Palavra Castrada

Ancorei minhas verdades

Em um porto de metáforas,

Enquanto partia meu coração

Em uma prosopopéica odisséia

De pleonasmos múltiplos

Que se contorciam,

Emaranhavam-se,

Esfregavam-se,

Entregavam-se em uma orgia de línguas estranhas,

A revirar suas entranhas

Na tentativa de extrair esperança

Dum um último suspiro,

A derradeira concordância.

Viro quase uma preposição,

Sem disposição

Para qualquer posicionamento.

Uma voz passiva,

Quase muda

Sussurra imperativos obscenos,

Paulatinamente embuçados

Pelo véu das palavras não ditas,

Dos verbos não conjugados.

Só resta o ponto final,

Impotente,

Essa exclamação sem pau

Que não leva nada aos “finalmentes”.

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