quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Analfabetismo Funcional : Quando o governo tem preguiça de ensinar.


Vi, no Jornal Hoje, uma reportagem (em um quadro chamado “Era uma vez...”) sobre o analfabetismo funcional. O que vem a ser isso? Bem, é o nome bonitinho, cheio de tecnicidades, dado para milhões de ocorrências de crianças analfabetas freqüentando a escola. No meu tempo (não tô nem aí se pareço um velho...), éramos analfabetos só quando entrávamos na escola. Depois, naturalmente, aprendíamos a ler e a escrever, e seguíamos em frente. Fazíamos as provas e trabalhos em busca de aprovação para o próximo ano. Quando acontecia de não conseguirmos, fazíamos tudo de novo. Não chego ao ponto de dizer que a escola preparava para a vida, pois a vida nem sempre dá chance de "repetirmos de ano", mas que ajudava, ajudava.  Lidávamos com a responsabilidade, com a superação, com o sucesso e o fracasso. Diferente de meu amigo João, que exibe orgulhosamente seu impecável boletim (impecável mesmo. E exibe até hoje, com justificado orgulho), eu tive algumas páginas não tão brilhantes no meu histórico escolar pós primeiro grau. Confesso: Tenho dificuldades com ciências exatas. Costumo dizer que adoro matemática (e é a mais pura verdade!), mas ela não gosta lá muito da minha pessoa. Sempre fui um “ser” de comunicação. Mas sempre fui, também, um “ser” teimoso, impulsionado pelos desafios. Na hora de fazer faculdade, eu acreditava ser muito cômodo cursar jornalismo ou publicidade (trabalhava como redator publicitário na ocasião). Tinha muito contato com o conteúdo do curso e este não me desafiava em nada. Fui fazer o quê, então? Na época, engenharia de sistemas (depois virou informática e, por último, ciência da computação) e todos os seus cálculos e físicas. Sufoco total. Onde quero chegar? O governo, em seu mais absurdo desgoverno, acredita ser traumático demais para uma criança ficar reprovada na escola. Para nossos “caciques” a solução “alternativa” é a aprovação automática. Para mim, não há essa tal “alternativa”, a solução é uma só: Estudar, porra! Conheço muita gente arrependida por ter largado os estudos, porém nunca vi ninguém traumatizado por ter ficado reprovado na escola. Hoje cheguei ao absurdo de ver , na matéria do telejornal, um menino de dez anos traumatizado por ter sido aprovado sem saber ler. Atualmente, ele cursa(?) a quarta série do ensino fundamental (fundamental para quê, mesmo?). Esse menino é um dos milhões de “produtos” da idéia do governo, onde o “traumático repeteco” pode ser explicado pelas contas e não pela “cuidadosa” psicologia: O motivo real é o custo de repetência, quanto é o gasto do poder público por criança em uma escola municipal. Esperem aí: Quanto é gasto? Desde quando preparar um cidadão é gasto? E eu ainda me admiro quando vejo qualquer aluno, de qualquer país na nossa "subdesenvolvida" América Latina dar de dez a zero nos nossos, por exceção, “emergentes” compatriotas. Tornamo-nos um país onde a ignorância é subsidiada pela falta de respeito com a educação. Podemos gastar fábulas com viagens, cartões corporativos, compras superfaturadas, salários astronômicos... Mas vamos economizar no ensino. Qual é o futuro de um país assim? O interesse político na ignorância para a manutenção do status quo não parece teoria da conspiração, é a conspiração na prática! Estão roubando o futuro das nossas crianças! Afanando-lhes a oportunidade de serem pessoas capazes de encarar a vida,  superar obstáculos, de vencerem, perderem, empatarem. E estarem sempre prontas para entrar em campo e jogar novamente. O resultado é W.O. na certa.

 

3 comentários:

Dj Piu disse...

Grande Alexandre!
Como sempre escrevendo uma verdade, nos faz lembrar de como era o dia-a-dia na escola, caramba.

Unknown disse...

Tô contigo e não abro.
Beijos.
Sua fã de Sampa.
Beijos

GEORGIA FERREIRA disse...

Falou tudo e mais um pouco.
Isso mesmo amigo!
Temos q mudar isso, pois tenho muito medo do futuro de meu filho.
Bjs