quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mesa Redonda (Lembranças felizes das peladas na rua Batovi, Alecrim e Jaborandi)


Os meninos deitados na calçada
Sob a sombra da amendoeira
Comentavam a batalha travada
Na disputa pela bola de meia
As proezas de fulano,
Malabarista de guia,
Ou meio-fio, como queira.
Os dribles de beltrano,
Os passes perfeitos de esguelha.

Sangue e areia nos pés descalços...
Observo, lá no alto, a lagarta na folha
Perto da amêndoa madura.
Soubesse falar lagartês
Em tom cortês pediria
E ela gentilmente jogaria
Em meu colo a suculenta fruta.

Vôo solo divagando
Enquanto vai a tarde,
Mansa e resoluta,
Repousar no horizonte.
Precipitam-se sombras
E folhas em minha fronte,
Pousada sobre a raiz nascente,
Desenho em sutil movimento
Entre os escombros do pavimento.

Nós, crianças felizes, despidas de futuro!
Nosso imaginário canal 100...
Não existia Pelé, ou Garrincha,
Nem Zico, nem mais ninguém:
Éramos nós os craques de ontem,
De hoje, de amanhã
E a rua era nosso Maracanã.

Não havia o destino,
Saudade, mais nada.
Esse era nosso jogo:
Nas belas jogadas,
Passes no fogo,
Maravilhosas caneladas,
Jogadas combinadas, tabelas, macetes,
Só existiam os melhores momentos.
Nada das divididas da vida,
Este campo, numas vezes tapete,
Noutras duro como cimento.

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