segunda-feira, 28 de junho de 2010

A verdade sobre as crianças


Quando era criança,


Tinha tempo para ver o tempo passar


Era brincadeira o sol,


O sal,


O céu,


O mar.


O projeto que hoje a vida permeia


Era apenas um belo,


Singelo castelo nas brancas areias do Grumari.


O, hoje, cidadão,


Um guri de cabelos desgrenhados


Com balde e pá nas mãos,


Acompanhando o movimento ritmado


Dos ventos e das marés


Com os pés dentro d’água,


Sem mágoas cheias ou vazantes,


Passado em fotos nas cabeceiras,


Paredes, estantes.


As crianças não são


Simples seres humanos.


Vejo-as brincar intimamente


Com as belezas do mundo


E aquele instante


Parece durar eternamente.


Vejo meu reflexo


Naqueles olhos sempre atentos:


Os olhos das verdadeiras donas do tempo.


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