segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Insônia (05/01/2007RJ 2:42 A.M.)


Acho que o sono não vem hoje.

O danado vai fazer fortait!

Deve estar por aí, na putaria.

Com certeza arrumou um affair,

Desses onde a gente se lambuza

Até o raiar do dia levar embora.

E eu sozinha, neste quarto onde nem a luz entra

- Minha angústia, parece, a apavora -

Percorro em reviravoltas quilômetros de lençóis.

Eles enroscados em meu corpo

Como a explorar meus contornos,

Aproveitando a oportunidade de estarmos a sós

Para procurar novidades

Por entre minhas protuberâncias e cavidades.

Desvencilho-me.

Meu sofrimento é corno, arredio, passional, perigoso.

O fastio não permite o gozo por um qualquer desejo abjeto,

Sequer derrama uma só gota de afeto.

Na boca reclama a azia desse tesão indigesto

Que atiça os miolos e me toma por escrava.

Outra vez fecho os olhos

O sono não vem

Só me vêm palavras.

Pudesse mandar-lhe um recado, diria agora:

Se vais chegar atrasado, nem dê-se ao trabalho de vir!

Ousa, e mandar-te-ei embora!

Pudesse ele ouvir, calaria em um sorriso

Por conhecer de mim tão bem por dentro e por fora

E saber o quanto dele preciso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei esta poesia! Indentifiquei-me por completo, pois muitas vezes o sono não vem e tenho todos os tipos possíveis de pensamento.