domingo, 25 de fevereiro de 2007

Pensando com os botões...


Almoçava calmamente, quando a TV do restaurante mostrou uma manifestação de repúdio ao ato criminoso do qual foi vítima o menino João. Na mesa ao lado, dois casais conversavam. Tão logo a reportagem começou a ser exibida, um dos homens, vestido com a camisa da seleção brasileira, bradou: “-De novo? Já não agüento mais isso, todo mundo agora quer aparecer!”. Lembrei de ter ouvido de um psicólogo a tese de que quem pratica atividades perigosas refuta em visitar companheiros acidentados. É admitir a indesejável proximidade da fatalidade. Aquele sujeito era metáfora perfeita de um país cujo único controle capaz de aliviar as mazelas é o remoto. Zapeamos em direção à segurança de uma minissérie, filme, videoclipe, daquele documentário sobre as – bem menos selvagens - savanas africanas ou até de uma reportagem sobre os conflitos no Oriente Médio, igualmente sangrentos, mas atenuantemente longínquos das nossas lágrimas nada ficcionais. Ok, admito: Nas manifestações sempre existem as pessoas que nem suspeitam do motivo da mobilização, mas gostam dos flashes, das câmeras. Mas, e daí? Tanta gente só aparece em escândalos, factóides, maracutaias ou – quase tão ruim - não aparece nunca, para nada. Pelo menos os surfistas deste tsunami de violência fazem número com os legitimamente indignados para uma causa justa. Penso com meus botões (não os do controle remoto): Será que o cara do restaurante cansa de rever os gols do último campeonato?

Um comentário:

Unknown disse...

Bom!
Mto Bom!
Mto Bom...Bom...Bom!
Excelente!!!