domingo, 11 de março de 2007

Desconjuntura

Toda a norma é uma forma de conduta

Dos dez mandamentos à pensão de alimentos

A sanção é a resposta ao não

Ao desrespeito, à omissão

Culpa, multa, privação de liberdade

Nem sempre protegem a sociedade

Crimes praticados são leite derramado

A causa já era, resta o efeito

Sem reparação, sem jeito

Toda norma é uma forma de conduta

Para todos os filhos da mãe

Mas não para os filhos-da-puta

Seminus em cuecas dolarizadas

Com cara de quem não deve nada

Nada a declarar, nem a vocês, nem à receita

Com o tempo, tudo se ajeita

Basta acreditar no presente

Deixar o passado de lado

Comprar um carro para um deputado

Preencher um cheque, acender para o diabo uma vela

É o que transforma este país alquebrado

Naquele menino da favela

Que pensa sonhar ser respeitado

Mas com todo o ódio reprimido

Deseja mesmo é ser temido

Ostentar no pescoço grossos elos de ouro

Tal qual a argola no focinho do touro

Pelo alarido da multidão, tão envaidecido

Nem percebe estar prestes a ser abatido

Acha que ser humano

É ser bandido americano

Pegar sol no Havaí

Caçado pelo FBI

Um comentário:

David Lima disse...

wow!
lindo poema!
um soco no estômago.