Vai passando um pequeno carro sem freio
Com uma menina e seus óculos de aros vermelhos.
O carro tem volante, mas não tem governo.
Sabe-se dele o início, mas não o termo.
Vai ao sabor das ruas
Como vão as marés, das fases da lua.
Através das pequenas janelas,
A criança vê o mundo com olhos de colorir,
As imagens enchendo-lhe a pança das retinas
Até as lentes pularem da face
De riso e choro fáceis.
A pequena dá de ombros
E tateia o chão com a mão até encontrar
- Surpreende-se o mundo, sempre atento,
Ao perceber que em nenhum momento ela desvia-lhe o olhar.
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