sábado, 17 de março de 2007

A menina dos olhos






Vai passando um pequeno carro sem freio

Com uma menina e seus óculos de aros vermelhos.

O carro tem volante, mas não tem governo.

Sabe-se dele o início, mas não o termo.

Vai ao sabor das ruas

Como vão as marés, das fases da lua.

Através das pequenas janelas,

A criança vê o mundo com olhos de colorir,

As imagens enchendo-lhe a pança das retinas

Até as lentes pularem da face

De riso e choro fáceis.

A pequena dá de ombros

E tateia o chão com a mão até encontrar

- Surpreende-se o mundo, sempre atento,

Ao perceber que em nenhum momento ela desvia-lhe o olhar.


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