Era um indivíduo precavido,
Atento a todos os detalhes.
Não descuidava das portas
- Sempre dava duas voltas nas chaves -
Verificava com minúcia os cadeados.
Estava sempre abrigado contra o sol e a chuva.
Olhava para todas as direções antes de atravessar a rua.
Conduzia o carro como se fizesse uma prece,
Tinha todos os dispositivos de proteção:
Cintos, airbags, ABS...
E diploma de primeiros socorros do curso de especialização.
Motorista experiente, com a mesma calma ia por pistas sinuosas,
Retas, mansas e caudalosas.
Ignorava resultar em placebo
As prevenções contra o seu mais íntimo medo.
Nunca se imaginara naquela situação.
E ali, prostrado, estirado no chão,
Viu suas certezas desaparecerem,
Suas mãos suarem e tremerem,
O coração disparar em agonia,
Sem ao menos se importar com os radares
Espalhados pela rodovia.
Escurecida a visão, seus olhos brilhavam,
Guardando as fotos tiradas no momento do acidente.
O momento para o qual estava fadado.
Quando, inadvertidamente, pelo amor,
Fora impiedosamente atropelado.
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