sexta-feira, 23 de maio de 2008

Racional (DF 14042008)


Minha razão toma-me de assalto,

É bruta, eloqüente, mordaz,

Capaz de atirar para o alto

Uma cristaleira das mais raras

Por um simples momento de paz.

É a senhora cujos caminhos sigo

Sem questionamentos.

Entrego-a em penhora meu destino

Sem a menor garantia de emolumentos.

Por vezes é até cruel,

Mas não guardo ressentimentos

Ela não faz por mal,

Cuida de mim como fosse minha progenitora.

Incentiva, agoura,

Espanca sem dó,

Afaga, lambe as feridas,

Aconselha-me quando estou só.

É odiada, é amiga,

É sábia sem medida.

Tão racional é minha razão...

Sabe até quando deve calar-se

E deixar falar apenas o coração!

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