Tempo estranho:
No quarto escuro e nublado
Eu mesmo dou conta de acordar meus pesadelos.
Temo mais é ficar só
Do que temo meus próprios medos.
Nessa hora onde a fé fenece,
Até se oferece a agonia
Bela dama de companhia.
Horas, são quase oito.
Pergunto se é dia ainda.
E você, linda, ri sem graça ao meu lado,
Direto do passado estampado no porta-retratos.
Eu, na foto, grito.
Mas, no quarto, permaneço imóvel, mudo,
Ao lado de um cinzeiro boquiaberto,
Com o cigarro na boca a enfumaçar tudo.
Quando o vermelho desbota,
A paixão já queimou tudo o que tinha.
Então não sobram rosas,
Apenas cinzentas cinzas.
Vejo as flores na foto,
Só elas esmaecidas.
Esquecidas as cores,
Desbotados os amores,
Por ora, mãos de mãos vazias.
No aguardo das emoções virarem adubo,
Outra vez brotarem
E perfumarem a fumaça dos dias.
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